A infectologista e virologista Nancy Bellei, que atua como consultora para o Ministério da Saúde e a Organização Mundial de Saúde (OMS), alerta que, em muitos casos, o vírus é transmitido a recém-nascidos e bebês pequenos por irmãos em idade escolar. “Na pandemia de covid-19, fechou tudo, e a carga da doença diminui muito. Depois, quando as coisas reabriram, as pessoas começam a se reinfectar de novo. A gente se reinfecta com VSR a vida toda.”
Num primeiro momento, a proposta é que o monoclonal seja administrado no início da primeira temporada de VSR do bebê. Alguns profissionais de saúde, entretanto, defendem que o medicamento esteja disponível ao longo de todo o ano. “Temos quase um terço dos casos fora da chamada sazonalidade. Na minha opinião, a indicação do monoclonal não deveria ser sazonal”, avaliou o presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, Marco Aurélio Safadi.
“Outra gestão é um hábito específico do brasileiro. Nasce o bebê, vai toda a galera que conhece a mãe, vão os amigos de futebol do pai. Todos vão visitar o bebê. Fazem aquela festa na maternidade. E o recém-nascido é um indivíduo que precisa de muita proteção. A melhor estratégia para uma doença que já começa a ser grave no primeiro dia é mesmo a imunização passiva.”
Diferentemente da vacina, que se classifica como imunização ativa, o anticorpo monoclonal figura como imunização passiva porque já entrega ao paciente a defesa de que ele necessita. Na prática, enquanto a vacina exige que o organismo reaja para produzir anticorpos, o anticorpo monoclonal é introduzido prontamente ao organismo, além de causar menos reações adversas.
*A repórter viajou a convite da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm)