25/10/2024 às 19h54min - Atualizada em 26/10/2024 às 00h03min

Estudo aponta falhas em tratamento tradicional contra drogas

Maioria dos participantes da pesquisa, mais de 80%, é de homens negros, com idade entre 30 e 49 anos.

Agência Brasil - Saúde
https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2024-10/estudo-aponta-falhas-em-tratamento-tradicional-contra-drogas




Um estudo inédito, que entrevistou 90 pessoas que vivem na região conhecida como Cracolândia, pela concentração de usuários de drogas, na capital paulista, mostrou que 70% delas já foram internadas pelo menos uma vez. A equipe de pesquisadores também localizou usuários de crack que foram internados mais de 30 vezes, o que, na avaliação dos pesquisadores, ambas as situações indicam que os especialistas que defendem o tratamento nos moldes atuais estão no caminho errado. 



Os dados constam do relatório A ‘Cracolândia’ pelos usuários: como as pessoas que vivem nas ruas do território percebem as políticas públicas, divulgado nesta sexta-feira (25), pelo Núcleo de Estudos da Burocracia da Fundação Getulio Vargas (NEB/FGV), pelo Centro de Estudos da Metrópole da Universidade de São Paulo (CEM/USP) e pelo Grupo de Estudos (in)disciplinares do Corpo e do Território (Cóccix). 



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As entrevistas foram feitas em julho e agosto de 2022 e, como os autores do estudo esclarecem, ajudam a explicar muito sobre a eficácia dos tratamentos em vigor e sobre a população que vive no local, embora não abranjam uma amostra representativa de toda a Cracolândia. 



A maioria dos participantes da pesquisa, mais de 80%, é de homens negros, com idade entre 30 e 49 anos. A parcela que declarou fazer uso de crack passou de 90%, enquanto a parcela restante disse consumir álcool regularmente.



Os pesquisadores também quiseram compreender que relações interpessoais os usuários mantêm, mesmo vivendo na região, e captar sua percepção sobre o serviço de saúde oferecido. Uma descoberta que evidencia que a forma como o modelo foi pensado se distancia do que ocorre na prática é o fato de que muitos entrevistados veem a internação como um local de passagem, que proporciona descanso e recuperação física, mas não significa uma solução para o uso de drogas, ou seja, não cumpre sua finalidade original.



A maioria (69%) dorme nas ruas e quase metade (40%) disse que está na região por vontade própria. De acordo com os pesquisadores, essa parcela tem a Cracolândia como sua casa ou permanece na área por se sentir bem nela. 



A publicação ressalta que metade dos participantes segue em contato com a família. Outro dado importante é o de que mais de dois terços realizam atividades produtivas regularmente, como reciclagem e venda de objetos.




Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2024-10/estudo-aponta-falhas-em-tratamento-tradicional-contra-drogas
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